segunda-feira, 6 de outubro de 2003

CONHECENDO OUTRAS RELIGIÕES

Nesses tempos de globalização, os fundamentos das diferentes religiões do mundo vêm interessando a pessoas de diferentes credos, idade, sexo e classe social. E cada vez mais entender universos culturais diferentes é o melhor meio de exercitar a tolerância e a compreensão. Nosso convite é para você conhecer melhor estes dois momentos fundamentais na vida dos judeus: Rosh Hashaná e Yom Kipur.

Entenda o Rosh Hashaná
Adão e Eva, os primeiros habitantes humanos da face da Terra, foram criados à imagem e semelhança de Deus em Tishrei, o sétimo mês do calendário judaico. O que se celebra em Rosh Hashaná é justamente esse momento em que Deus criou os homens. Ao mesmo tempo, é a celebração da renovação da vida, o Ano Novo judeu. Também é conhecida como Yom Hazicaron (Dia da Memória), quando todas as criaturas são julgadas pelo Criador, de acordo com suas ações e méritos. Por isso, também é um dia de oração e meditação. Cada mês do calendário judaico (que é, ao mesmo tempo, solar e lunar, enquanto o nosso é apenas solar) tem seu signo no zodíaco (mazal, em hebraico). O mazal do mês de Tishrei é a Balança. Este é o símbolo do Dia do Julgamento (Yom HaDin), quando Deus pesa as boas e as más ações do ser humano. Deus, o Supremo Juiz do Universo, é bondoso e misericordioso. Seu propósito não é punir. Ele apenas quer que sigamos as leis e regulamentos que criou para o nosso próprio bem. Rosh Hashaná é definido no seguinte verso bíblico: "No sétimo mês, no primeiro dia do mês, será um descanso solene para vocês, uma comemoração proclamada com o toque do shofar (instrumento feito de chifre de carneiro), uma convocação santa..."

Atitudes e intenções
Durante o mês de Elul, que antecede a sagrada festa de Rosh Hashaná, os judeus devem tomar a resoluta determinação de reparar qualquer mal ou hábito descuidado do passado. Um sentimento de poder recomeçar a vida como uma criança, sem máculas no coração, contagia o verdadeiro judeu arrependido, como se fosse possível remover dele um pesado fardo. Suas orações vêm de uma genuína vontade de retornar ao Criador, pedindo por um doce e bom Ano Novo. Em Rosh Hashaná busca-se a introspecção, o recolhimento e a capacidade de autocrítica. Cada judeu costuma se entregar à meditação, procurando identificar suas responsabilidades e se posicionar diante do processo da vida. É preciso fortalecer a consciência ética, rever a conduta e, mais do que nunca, renovar e celebrar os laços solidários entre os seres humanos. É um tempo em que o homem enfrenta não somente o julgamento divino, mas também o seu próprio.

Costumes de Rosh Hashaná
Alegoricamente, os livros da Vida e da Morte abrem-se em Rosh Hashaná e se fecham em Yom Kipur, representando o destino físico e espiritual de cada indivíduo. Durante os preparativos desta data, o trabalho na sinagoga é mais extenso, variado e solene que em outras ocasiões. As atividades incluem orações e leituras do Talmud, da Torah, de poemas litúrgicos e o toque do Shofar, tradicional instrumento israelita feito de chifre de carneiro. Este instrumento lembra os momentos em que o grande patriarca Abraão estava disposto a sacrificar seu filho Isaac para cumprir a vontade divina. O Senhor, revelando toda sua piedade, permitiu que um carneiro fosse sacrificado no lugar de Isaac. Essa atitude simboliza a compaixão de Deus por todos os homens. O som do Shofar e o que ele representa transformaram-se com o passar do tempo no momento mais importante dos dias de Rosh Hashaná. "Leshaná Tová Ticatevu Vetichatemu", algo como que você tenha seu nome inscrito no Livro da Vida para mais um ano e "Tizku Leshanim Rabot", que você mereça muitos anos são saudações que devem ser feitas. O

Kitel
Roupa branca que alguns costumam usar em Rosh Hashaná, representa o ideal de pureza a ser alcançado. No século 20 foi desenvolvido o costume de enviar aos familiares e amigos cartões e saudações para o ano novo, com motivos e símbolos tradicionais. Outro costume que vem sendo muito difundido é o de molhar um pedaço de pão ou maçã no mel, simbolizando o desejo de um ano doce e alegre, assim como comer vegetais e frutas férteis de rápido crescimento, aspirando por tempos bons e justos.

Sobre o Yom Kipur
Dez dias separam o Rosh Hashaná do Yom Kipur, o Dia do Perdão. Este é o dia em que todas as resoluções baseadas em profundas reflexões e arrependimentos serão seladas no plano divino, daí a importância delas serem tomadas, durante o Rosh Hashaná, com toda a franqueza do coração. Este é o dia no qual o destino é selado para o ano todo. Nesses dez dias, os judeus têm a oportunidade de se desculparem pelos maus atos cometidos. O pedido de desculpa deve ser feito diretamente à pessoa que sofreu a injustiça. Quando um ato de perdão é realizado, um profundo sentimento de amizade e amor anula o efeito de qualquer mal que tenha sido feito.

O amor divino é eterno e incondicional. Mesmo quando transgredimos a vontade de Deus, nossa essência, a alma, permanece divina e pura. É o único dia do ano em que Deus revela mais claramente que nossa essência e a Sua são uma só. Com relação à alma, o povo judeu é todo igual e indivisível. Sempre que se demonstra a união essencial, agindo com amor e amizade, mais o amor de Deus será revelado. Yom Kipur é considerado, hoje, o dia mais solene do ciclo festivo anual. Um dia dedicado à limpeza e recuperação da pureza espiritual. O ato de distinção do dia da expiação é o jejum, o único não protelado, quando Yom Kipur coincide com o Shabat. Esse jejum inclui a abstinência de alimentos, bebidas e a realização de certos atos que reflitam comodidade ou prazer físico. É um dia modelo, símbolo do triunfo da vontade superior sobre os impulsos inferiores.

Costumes de Yom Kipur
O ofício da sinagoga em Yom Kipur é o mais extenso de todos. Sua liturgia é muito rica e variada, com grande número de orações e leituras de poemas alusivos. O Kitel (roupa branca) é usado na sinagoga, e a Arca Sagrada e o púlpito também são cobertos de branco. Essa cor representa a pureza. Ao final do Yom Kipur, logo após a ceia que encerra o jejum, os judeus mais ortodoxos costumam se preparar para as festividades de Sucot (www.eifo.com.br/festsuc3.html)

O Shofar também é tocado ao final de Yom Kipur. O seu som anuncia a vitória sobre os nossos pecados e tentações. Relembra também que, ao término do jejum de Yom Kipur, uma Voz Celestial proclama: "Vão e comam o pão com alegria, pois Deus aceitou suas preces e os perdoou".

Para conhecer a culinária judaica,clique aqui.

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