quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

Eu não tenho 30 anos!

“Mesmo nas situações mais difíceis ou cômodas, nunca cruze os braços. Lembre-se que um dos melhores seres humanos que já existiu morreu de braços abertos”. Autor desconhecido.

Querida Amiga (o),

Um amigo de um amigo meu pediu a ele a sua opinião sobre morar na cidade de São Paulo. Ele considerava a possibilidade de se mudar para a capital com a sua família, “Que tipo de pessoas moram em São Paulo?”, ele perguntou ao meu amigo, “Bom”, o meu amigo respondeu, “Que tipo de pessoas moram na cidade onde você mora?”, ele respondeu, “Pessoas preguiçosas, desanimadas e desonestas!”, o meu amigo respondeu, “Então é exatamente esse tipo de pessoas que você vai encontrar aqui”.

Alguns meses se passaram e outra pessoa que pensava em se mudar para São Paulo fez a mesma pergunta ao meu amigo, “Que tipo de pessoas moram em São Paulo?”, mais uma vez o meu amigo perguntou, “Que tipo de pessoas moram na cidade onde você mora?”, ele respondeu, “Pessoas gentis, honestas e que se importam com os outros”, meu amigo respondeu, “Então é exatamente esse tipo de pessoa que você vai encontrar aqui”.

Na semana passada eu recebi uma ligação de uma “profissional” que pedia a minha ajuda para mudar de emprego. Segundo ela, a empresa onde ela trabalha hoje não oferece desafios ou possibilidades de crescimento (ela adora desafios e possibilidades de crescimento). Na empresa em que ela trabalha hoje os produtos não vendem (ela é vendedora), os clientes não compram, a concorrência é acirrada, os problemas de comunicação com colegas de outros departamentos é imenso, e o chefe não reconhece o seu esforço. Segundo ela, não existem desafios no atual emprego, por isso ela está a procura de novos desafios.

Centenas de mulheres inocentes serão assassinadas esse ano por maridos ciumentos, acusadas de uma traição que nunca aconteceu, porque esses mesmos maridos acreditam e vêem em suas mulheres aquilo que na verdade eles são capazes de fazer.

Faz mais de vinte anos que eu não sei dizer a palavra Problema. Faz mais de vinte anos que eu não sei o que significa Dificuldade. Não que eu não os tenha, não que eu não passe pelas mesmas coisas que você passa, mas pelo simples fato de eu não saber vê-los dessa maneira.

O mundo pode não ser ainda aquilo que eu sonho, e a minha vida pode não ser ainda aquele sonho que eu vivo - não aos SEUS olhos -, porque aos MEUS olhos eles já são.

Eu não tenho trinta anos da minha vida para colocar em uma “carreira”, quando eu sei que durante a minha vida inteira será necessário trocar de carreira mais de uma vez. Como um jogador de futebol, que joga até os trinta anos de idade e depois precisa necessariamente mudar de carreira, ser comentarista, cronista, ter a sua escola de futebol etc. Ou como aquele bar perto da sua casa, que fecha de tempos em tempos, muda de direção, nome e decoração para começar tudo de novo com sucesso.

Por que com você seria diferente? Por que então trabalhar trinta anos ininterruptamente em uma empresa, e continuar a dizer aos amigos que você não usa todo o seu potencial, ou que você usa apenas 30% daquilo que você sabe, e que um um dia vai colocar tudo isso em prática?

Entenda uma coisa, quando você não usa o chamado potencial que você diz que tem, ele deixa de existir. Atrofia. Some. Desaparece. É eliminado e você se torna aquilo que você realmente faz todos os dias da sua vida.

Eu não tenho trinta anos para ser alguma coisa e aí então atingir um objetivo. Eu tenho 24 horas. O dia de hoje com cada um dos seus preciosos segundos para colocar em prática aquilo que eu sou. Porque no final do dia, se eu não voltar para casa, eu quero ter a certeza que eu mudei algumas coisas em vinte e quatro horas e não em trinta anos.

A gente se torna adulto muito tempo antes das pessoas acreditarem que nós já crescemos, e muito tempo depois da gente mesmo acreditar que nós já crescemos.

Não desperdice trinta anos. Não use apenas 30%. Veja as pessoas como você gostaria de ser visto. Nada menos que isso interessa.