segunda-feira, 8 de março de 2004

O lugar do mundo é no Brasil!

“Todas as pessoas sabem lidar com as adversidades da vida, mas se você quiser realmente testar o caráter de um Ser Humano, dê a ele PODER!”. Autor Desconhecido.

Querida Amiga (o),

Era uma vez uma empresa, fundada por verdadeiros empreendedores da cidade de São Paulo, conhecida pela revolucionária idéia de extrair de uma plantinha amazonense uma bebida de sabor inigualável que conquistou o mundo.

Era uma vez uma outra empresa, fundada por verdadeiros empreendedores da cidade do Rio de Janeiro, conhecida pela excepcional qualidade dos seus produtos e adorada por seus fiéis consumidores.

Era uma vez então um banco, que comprou essas empresas para criar uma nova empresa, que comprou então outra empresa para adicionar a essa nova empresa, que comprou então mais uma outra empresa para adicionar a essa nova empresa, e então..., vendeu tudo para uma outra empresa.

No mundo globalizado só existe uma forma de uma empresa não ficar para trás: NÃO SE VENDER! Não vender as IDÉIAS ORIGINAIS que criou! Entender que somente com IDÉIAS ORIGINAIS é possível fazer a diferença no mundo, no seu mercado, no seu bairro, na sua casa.

Desde a década de noventa que o controle diário da Brahma e a Antarctica pertenciam a um banco e não mais aos seus empreendedores originais. Um banco de investimentos que tem por missão investir números por números para obter números em troca de números, muito rapidamente e baseado em métricas “modernas” de velocidade de retorno sobre o investimento, produtividade por cabeça, garrafas por consumidor, metros quadrados por engradados, engradados por pontos de venda, pontos de venda por funcionário, funcionários por horas de trabalho aos finais de semana, e quantidade de mulher pelada por peças de propaganda. Em resumo, o verdadeiro estado da arte em CRIATIVIDADE! O verdadeiro espírito do EMPREENDEDORISMO! Vai nessa...

A grande diferença entre o Oscar Schmidt (talvez o principal jogador de basquete da história do esporte no Brasil) e um rapaz que todos os domingos joga uma partida de basquete com os amigos, em algum parque de alguma cidade brasileira, são as métricas que cada um usa para definir o que é SUCESSO para cada um.

Para o rapaz, vencer a partida e fazer cestas, talvez sejam as únicas métricas que ele usa para entender o quanto ele evolui individualmente, e talvez com isso, passados 25 anos, ele continue com o mesmo desempenho. Enquanto que para o Oscar, apenas esses números financeiros (vitória e pontos) não são o suficiente para medir sucesso. Ele sabe que o número de assistências aos seus colegas, o número de horas de treino, o número de horas de estudo, o tempo com os fãs, o número de passes errados e o tempo de posse da bola, são as verdadeiras métricas para atingir a vitória e conquistar os pontos.

Na vida nós geralmente somos viciados em olhar as coisas por apenas um único ângulo (no caso de alguns bancos apenas o lado financeiro) deixando de lado outros ângulos que são as verdadeiras unidades de medida daquilo que seremos ser.

Enquando a Ambev acredita (eu não acredito que ela acredita de verdade nisso) que o caminho do seu crescimento é avançar sobre continentes que já possuem suas marcas preferidas. A Interbrew, aquela que comprou a Ambev, SABE que os países com maior potencial de crescimento são o próprio Brasil e a Ásia (onde o Guaraná Antarctica já tem inclusive o pé por lá faz tempo) e SABE que o quê a Ambev tem de original não é a cerveja (por mim pode vender a cerveja à vontade. Não fomos nós que inventamos a cerveja. Cerveja não tem nada de original e não é saudável), e sim essa pequena plantinha da amazônia que TODOS se apaixonam a primeira vista e só é encontrada por aqui.

O lugar do Brasil é no mundo, mas muito antes disso, o lugar do mundo é no Brasil. As oportunidades estão aqui. Todos sabem disso. Somente nós não sabemos.

Engana-se aquele que acredita que o mundo dos negócios caminha para um imperialismo de marcas e grandes empresas (se você acredita nisso vote no Sr. George W. Bush para sua reeleição em Novembro próximo). O Século Vinte e Um é o século do indivíduo, das empresas com líderes que tem rosto, que assinam suas correspondências, visitam clientes e atendem telefone. O consumidor não quer se parecer com o personagem da novela das oito e consumir o que o ator consome. Ele quer se parecer com ele mesmo, e viver sua própria personalidade. Engana-se quem acredita que é possível vender um produto do mesmo jeito em lugares diferentes só porque é o mais vendido por aqui.

Eu quero me relacionar com o Presidente de uma empresa e não com o seu CEO. Eu quero falar sobre o lucro da empresa e não sobre o seu EBIT. Eu quero entrar novamente em uma locadora de vídeo e ser servido por um Ser Humano e não por um colaborador treinado que diz “Bom dia!” como o manual da empresa diz, sem nem mesmo olhar na minha cara e sem nenhuma autenticidade.

Eu quero usar tênis inglês da Inglaterra, perfume francês da França, carro japonês do Japão, celular coreano da Corea, computador americano dos EUA, roupa italiana da Itália, vinho português de Portugal, comida espanhola da Espanha, tapetes árabes da Arábia Saudita, e tomar o meu guaraná brasileiro do meu Brasil.

No mundo globalizado só existe uma forma de um país não ficar para trás: SER ORIGINAL!

O lugar do mundo é no Brasil! Nada menos que isso interessa.