quarta-feira, 26 de novembro de 2003

UM PA�S A SER DESCOBERTO III

Meus Caros,

Para introduzir o assunto sobre o qual vou falar gostaria de contar um fato ocorrido no prédio de escritórios onde ficava a empresa de Editoração Eletrônica da qual era sócio em Campinas.

Neste prédio havia uma "empresa" de compra e venda de dólares muito conhecida de todos da cidade e ao meio-dia, exatos, de uma plena terça-feira ocorreu um assalto no "andar do doleiro" como todos diziam. Foi para mim um susto muito grande quando descia as escadas e na contramão subiam apontado beretas, escopetas (e outros aparatos do capeta) em minha direção. Ufa! Que susto. Ainda bem que sou branquinho e tenho cara de ogro (já apelidado por amigos) e passei livre pelo pelotão que estava à  procura dos assaltantes. Como resultado desta horrível experiência o sí­ndico do prédio convocou uma assembléia extraordinária para se deliberar sobre a questão de segurança e sem mais tardar foi adotado um novo regime na portaria - AS PORTAS DE ENTRADA PERMANECERIAM FECHADAS DURANTE OS HOR�RIOS DAS 12:00 ÀS 14:00 HORAS.

Podem rir. É claro que esta medida não tem efeito algum. Mas aqui na fabulosa América do Norte coisas parecidas acontecem. Observem o acontecido em onze de setembro em Nova Iorque. Dois aviões colidem contra as duas torres símbolo da cidade e do capitalismo. Um contra o prédio do pentágono e o outro evaporou (supostamente caiu por rebeldia dos heróis a bordo - não foi um míssil do jato da força aérea que seguia o avião não). Resultado: Foi criado um novo ministério "DA SEGURANÇA DOMÉSTICA" com poderes sobre os incômodos FBI e CIA e junto com o barco o INS ("la migra"); todos os aeroportos tiveram que comprar equipamentos de detecção de metais e raio-x para todas as bagagens, além de todo o pessoal da segurança ser obrigatoriamente funcionário público; foi declarado guerra contra o Afeganistão (quase todo americano sabia imediatamente que o ataque foi comandado de lá e que era lá que estava o inimigo público número um, coitado já esquecido dos jornais); e posteriormente a declaração do "eixo do mal" incluindo o Iraque, Irã e Coréia do Norte.

Mantendo as devidas proporções, o que isso significa é que fecharam as portas das 12:00 às 14:00 e assim quem sabe a opinião pública se sente segura e acha que o governo está cuidando da situação com seriedade.

Prevenção é uma palavra que não existe no dicionário norte-americano. O máximo que se consegue é reação. Se você começa uma frase com "e se..." ("what if") você será abortado imediatamente de sua linha de argumentação com a resposta "quando acontecer a gente vê o que se faz".

Prevenção contra doença - dá-lhe remédio. Prevenção contra crime - dá-lhe cadeira elétrica. Prevenção contra terrorismo - dá-lhe bomba.