André Lazzarini
Incomoda-me, retiro-o: se é um tumor, extirpa-se; se é uma sujeira, varre-se; se é uma ruga, estica-se; se é uma gravidez; aborta-se. Fácil e banal assim!
A facilidade em sugerir soluções mágicas e instantâneas para os problemas que se apresentam para a sociedade moderna é assustadora. Nada de propostas a longo prazo, educacionais, com bases sólidas e resultados duradouros. Ninguém tem a coragem de propor e defender soluções educacionais que demorem mais de um “mandato político” para serem postas em prática e surtir seus efeitos. Banaliza-se a educação, os valores morais e, por fim, a vida. Vejamos alguns exemplos mágicos: a “exclusão” nas universidades: ao invés de empenhar-se em elevar o nível das escolas públicas (solução demorada), surgiu a solução mágica (e discriminatória) das cotas; o excesso de velocidade no trânsito: radares pelas cidades – além de punir indiscriminadamente, arrecada-se mais para os cofres públicos: e educar que é bom, demora demais! E assim, nesse raciocínio míope e eleitoreiro, vão pipocando saídas mágicas para os problemas que vão surgindo.
É infinitamente mais fácil apelar para o aborto do que educar: é muito mais difícil e de resultado demorado esclarecer e educar a sociedade sobre uma sexualidade responsável, principalmente num mundo em que a mídia empurra goela abaixo uma erotização crescente e uma sexualidade promíscua e inconseqüente. Sofrem muito mais ainda todos aqueles que não dispõe de uma educação que lhes permita separar o excesso de joio do escasso trigo que vem pela mídia. Valores como amor verdadeiro, casamento, fidelidade e sexo responsável são exemplos que estão se esvaindo cada dia mais das vidas das pessoas, principalmente das crianças e dos jovens; além de serem rotulados “caretas” e infelizmente não vendem revistas e nem dão audiências aos programas de TV, pois a maioria da sociedade já se encontra perdida e sem parâmetros para uma escolha sadia. São esses valores morais que a sociedade que se diz moderna e evoluída deveria preservar para o bem comum, para merecer a denominação moderna e evoluída.
Querer misturar a discussão sobre o aborto com religião é outro embuste! É certo que a discussão invoca os sentimentos religiosos pela defesa incondicional pela Igreja da vida desde a concepção até sua morte natural, mas nosso estado é laico por força constitucional, além de que a mesma constituição prega a defesa da vida de todos os brasileiros – portanto é contra a pena de morte, principalmente de inocentes e indefesos.
Agrava-se a discussão quando se utilizam capciosamente as palavras do Santo Papa para justificar a liberdade de escolha da mulher: a liberdade que o Papa diz é no contexto religioso: somos livres, e temos que ser conscientes para decidir, mas arcamos com as conseqüências de nossas escolhas.
Os que defendem o aborto como uma questão de saúde pública, querem que tal ato deixe de parecer um crime: mas como o fazê-lo se o pobre é indefeso e não pode manifestar-se em defesa de sua vida? Descaracterizando-o como pessoa, como ser vivo e com direitos constitucionais. CUIDADO COM ESSA JUSTIFICATIVA DE "SAÚDE PÚBLICA"! Aceitá-la, é um passo dado em direção à aceitação de outras questões que certamente aparecerão num futuro próximo, e que serão propostas como saúde pública: problemas congênitos, limitações físicas e mentais, síndromes, etc.: todos poderão ser encarados como “problemas” que onerarão o Estado, tornando-se assim questão de saúde pública, quando poderá ser sugerida outra saída mágica como esta que agora se propõe. O Estado tem o dever de defender a vida e não condená-la a morte. Ao debater sobre o aborto, alega-se estar em defesa da vida da mãe, sem sequer dar um dedo de proteção ao inocente que cresce em seu ventre. Os que defendem o aborto como uma questão de saúde pública, querem que o ato de matar um feto deixe de parecer um assassinato: o pobre está indefeso e não tem como se manifestar dando seu testemunho defendendo sua vida.
Se pudéssemos entrevistar um feto a respeito do aborto á que ele estaria condenado, sabe o que ele diria? O mesmo que VOCÊ diria caso você fosse condenado à morte, sem direito à defesa prévia. Considere isso, antes de manifestar-se a favor do aborto.
Um comentário:
Parabéns, André!
Você foi muito feliz em suas colocações, seu texto é muito lúcido, está mesmo excelente pela concisão e clareza. Especialmente neste momento em que enfrentamos toda essa pressão absurda dos grupos que querem de todo modo fazer passar a descriminalização do aborto no Brasil!
Só mesmo uma resistência tenaz e perseverante poderá nos livrar disso.
Agradeço profundamente por você também se dedicar a este tema.
beijos
Ana Luiza
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