O professor Márcio Luiz Carreri fala em "discriminação positiva". Desconheço uma discriminação racial que seja positiva. Seria como justificar um mal, dizendo que ele é para o bem: um "pecado santo". Citar Vandré para defender discriminação (seja ela positiva, se é que isso existe) é, no mínimo, um descabimento de sua parte. Ademais, se Vandré estivesse por aqui, certamente teria horrores da escola pública que esta a disposição da população e ficaria indignado com o que estão impondo aos que se declaram da "raça" negra: separá-los em uma sala para serem fotografados e suas fotos examinadas por uma comissão de "entendidos" para decidirem se são ou não negros ou descendentes e se tem direito às cotas especiais - que belo "tribunal de pureza racial" se instalou: caso o professor não saiba, isso já está sendo feito na UnB. É isso que o sr classifica como DISCRIMINAÇÃO POSITIVA? Sujeitar as pessoas à esse tipo de humilhação??? E os que não quiserem se submeter à esse tribunal??? É um direito deles ainda que tenham direito às tais cotas... Não é com atitudes populistas que se resolve uma questão histórica. Sendo professor da rede particular, poderia me responder: quantos alunos de pele negra há em suas turmas? Poucos ou nenhum? Porque foram discriminados ou porque eles não conseguem pagar a mensalidade que seus patrões cobram de seus pupilos? Percebe que a questão é muito mais econômica do que racial? Que o país seja justo com a população, oferte mais empregos, e dê condições de igualdade educacional e nunca será necessário cotas para ninguém. Deixar rolar a desigualdade social (e educacional) no país e colocar cotas "somente" para negros é discriminação racial e populismo eleitoreiro. Se querem cotas, que criem cotas para os menos favorecidos economicamente, e não somente para negros; mas sem melhorar o nivel do Ensino Médio Público, o resultado final será uma lástima. Em tempo: sou apenas Médico Veterinário, sem doutorado: aceito discutir um assunto sério, mas sem ser sarcasticamente infantil.
quarta-feira, 28 de abril de 2004
Sobre as Cotas
''Porque gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata. Mas com gente é diferente''. Não dá para simplesmente passar os olhos sobre o texto do veterinário André Eduardo Pullin Lazzarini, na Folha do último domingo, e pensar: ''não é comigo'' ou ''o cara está certo''. Tá certo não seu doutor, tá certo não. Sou professor de História da rede particular em Londrina e aproveitei a polêmica das cotas para debates com minhas turmas. Os jovens, em que pese um certo desconhecimento da matéria, conhecem um pouco da história, e um dos fatores para que este debate venha à tona é justamente devido ao nosso passado (mandonismo, machismo, escravismo) e o nosso presente (estado de democracia, de debate de idéias). Pois bem, seu doutor, quantos doutores o senhor conhece de pela negra? Ou além, quantos vindos da escola pública? Jogar o debate para quando a situação melhorar é escamotear a urgência de providências, ou melhor, é acreditar nas promessas dos governantes, como a velhinha de Taubaté. Ou ainda, acreditar que um dia a educação vai melhorar, se Deus quiser. A discriminação positiva seria uma resposta à discriminação seletiva de mais de três séculos de nossa história, é pensar qual tipo de nação queremos construir. Em que pese o descabido termo de raça ao referir-se ao ser humano, relembro Vandré, com gente é diferente.
MÁRCIO LUIZ CARRERI (professor) - Londrina
FOLHA DE LONDRINA - 28/04/2004 - PAG 02
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?oper=materia&id=5722&data_AAAAMMDD=20040428
MÁRCIO LUIZ CARRERI (professor) - Londrina
FOLHA DE LONDRINA - 28/04/2004 - PAG 02
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?oper=materia&id=5722&data_AAAAMMDD=20040428
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