sexta-feira, 11 de maio de 2007

Jesus, do nascimento aos 33 anos

André Lazzarini
(1ª Parte)
Maria, Santa predestinada desde seu nascimento, foi agraciada com a visita do anjo Gabriel que, em sua santa mensagem, comunicou-lhe que fora a escolhida do Senhor. Ela não titubeou um instante sequer: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua palavra.” (Lc 1,38). Jesus nasceu do ventre da Virgem Maria, e, conforme já havia sido antecipado, foi reconhecido como o Cristo por onde passou, desde seu nascimento, testemunhado pelos pastores que receberam a visita dos anjos do Senhor e anunciaram o nascimento do Salvador até seus últimos dias.

Temos que, já no dia da apresentação de Jesus no templo, como era costume e seguindo a Lei de Moisés (Lc 2,22), apareceu Simeão, que já tinha recebido a visita do Espírito Santo que lhe revelou que ele não morreria sem conhecer o Cristo do Senhor. E assim, impelido pelo Espírito Santo, a ir ao templo: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações e para a glória de vosso povo de Israel. (...) Eis que esse menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.” (Lc 2, 29-32, 34-35).

Assim Jesus, sendo esperado por muitos, foi apenas reconhecido e aceito por alguns. Viveu uma infância normal, aprendendo tudo o que lhe ensinavam à época. Aos cinco anos, Jesus começou a freqüentar, como todos os meninos de Israel, a Beth ha sefer, uma instituição docente equivalente as nossas escolas primárias, que dependia da sinagoga. Assim, teve suas lições escolares, e juntamente, religiosas. Aprendeu orações e rezava-as sozinho ou na oficina, junto de seus pais. Durante o dia, ao anoitecer, em voz alta, rezando e crescendo em sua religiosidade.

Sua inteligência para os ensinamentos do Senhor era superior, como podemos ver na sua primeira demonstração, aos doze anos, quando seus pais, ao voltar das celebrações da Páscoa de Jerusalém, perderam-se Dele, mas, achando que Ele estava junto de seus companheiros de comitiva, andaram um dia em seu caminho. Ao saírem para procura-Lo, perceberam que ele havia ficado em Jerusalém. Somente o encontraram três dias depois, no templo, falando aos doutores, todos maravilhados com seus conhecimentos, quando respondeu à ansiedade de seus pais: “Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu pai?” (Lc 2, 49-51). (publicado na Folha de Londrina, 21/05/2007, página 02)

(2ª Parte)
“A iniciativa e a consumação só a Deus pertencem. Ele organiza as bodas e sai pelos caminhos fazendo convites (Lc 15,3-7). Onde e quando vai se apagar o fogo da humanidade? Só Deus sabe a hora exata (Mc 13,32). Simão, você falou bem, mas não foi por instinto nem por sua natural sagacidade. Foi inspiração do Alto (Mt 16,16). Se cressem, veriam prodígios: saltando como um cabritinho esse morro iria até o mar; daquele pinheiro nasceriam as asa como as de uma águia, que o levariam voando para outros continentes, para firmar lá as suas raízes (Lc 17,6)”.

Sua juventude fora simples e normal como qualquer jovem trabalhador, ajudante de seu pai na oficina e presente na vida de sua mãe, até sua vida adulta. Sua “Santidade”, seu amor pelo Pai e seu saber para tecer seus ensinamentos não aconteceu numa só noite. “Foi um longo caminhar através de vários anos, como em tudo que é humano. O Jovem foi avançando de sol a sol, noite após noite, mar adentro, cada vez mais longe, na rota ascendente que leva ao alto manancial do Amor, o Pai” (Ignácio Larrañaga em “O Pobre de Nazaré” – ed. Loyola, 8ª ed., p.36).

A maior prova da vida simples de Jesus é que o Novo Testamento relata a surpresa dos cidadãos de Nazaré quando Ele vai a essa cidade proclamando as Boas Novas do Senhor ("não é esse o filho do carpinteiro José?" Lc 4,22). Se Ele tivesse ido para qualquer lugar que fosse, para estudar outras ciências, os cidadãos de Nazaré não iriam achar estranho o fato de Ele querer aparecer como um profeta, anos mais tarde.

Jesus, batizado por João, não o conhecera na sua juventude. Como poderia, já que suas mães eram aparentadas? Segundo Ignácio de Larrañaga, João, que fora concebido na velhice de Isabel, deve ter ficado órfão com pouca idade e diz-se que seus parentes próximos devem tê-lo levado ao deserto quando ainda era novo. Tal “deserto” supõe-se ser o Mosteiro de Qumram, situado no deserto de Judá, habitado pelos essênios. Estes, por sua vez, eram desligados de Jerusalém e tinham seus próprios costumes religiosos, no intuito de conservarem e restaurarem a santidade do povo num âmbito mais reduzido, o de sua própria comunidade. O costume do isolamento em regiões desérticas desse povo, tinha como objetivo a descontaminação derivada do contato com outras pessoas, de outras crenças e do mundo exterior à sua comunidade. A sua renúncia às relações comerciais não é um ideal de pobreza, mas sim para evitar essa contaminação. (fonte: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=16286) Praticavam o batismo, que João deve ter aprendido no Mosteiro.

Isso justifica o desconhecimento de Jesus por João. Este sim, pode ter vivido com os essênios, e assim pode ter passado algum conhecimento do modo de vida dos essênios para Jesus, após se re-encontrarem. (Publicado na Folha de Londrina, 28/05/2007 - página 02)

(3ª Parte)
Não há como misturar o cristianismo e o budismo ou outras religiões e filosofias orientais, pois o cristianismo se destaca de todas as outras por diferenças fundamentais, ensinadas por Jesus nos evangelhos.

No Budismo, viver é sofrer, mas a solução para o sofrimento é a busca e a eliminação da fonte deste sofrimento; já no cristianismo a solução é transformar o sofrimento de forma que ele tome um novo significado: Cristo morreu na cruz e não acabou com o sofrimento, mas transformou-o em algo positivo, redentor. Para o cristão, a meta não é acabar com o sofrimento, mas abraçá-lo, dando-lhe um novo significado. O cristianismo é uma religião que leva as pessoas ao exterior, à caridade, ao passo que as religiões orientais levam as pessoas a se interiorizarem.

A idéia da reencarnação não tem lógica dentro do cristianismo: o cristianismo fala da existência do pecado original: a humanidade foi criada perfeita e em completa harmonia com Deus. Só que um pecado fez com que se quebrasse essa harmonia. Para Deus, nós herdaríamos as características que nossos primeiros pais tinham quando foram concebidos, mas como houve o pecado, acabamos por herdar uma desordem (veja: no intelecto estamos confusos; na vontade temos dificuldade de fazer o bem mesmo quando sabemos o que deve ser feito; e nas paixões estamos descontrolados principalmente no que diz respeito à luxúria e à ira).

Ademais, no cristianismo não há lógica a “purificação” a cada encarnação para chegar à santidade. Essa idéia não tem sentido porque ninguém aprende com um castigo dado em decorrência de um erro que não se tem consciência ou conhecimento de ter cometido. Acreditar que as pessoas pagam com seu sofrimento atual, erros cometidos por vidas passadas, leva-me a ignorar o sofrimento do próximo, já que ele está passando (ou pagando) por aquilo que é somente dele, assim nada posso fazer por ele, levando ao pensamento egoísta e diametralmente oposto ao principal ensinamento de Cristo: “amai-vos uns aos outros” (João 13,34-35). A idéia da reencarnação é muito mais facilmente assimilável para todos e mais atraente do que a do pecado original, mas se analisarmos a conseqüência de se acreditar em uma e outra, a conclusão é que a última é muito mais positiva e verdadeira, pois a primeira pode dar margem até mesmo para crueldades. Além do mais, Deus é amor, Deus não castiga, Deus perdoa, e Deus nos aceita como somos, e nos receberá desde que nós nos arrependamos de nossos pecados na certeza de não voltar a cometê-los e seguir seus ensinamentos, procurando imitá-lo em nosso modo de vida, dentro das nossas limitações e da nossa imperfeição. (fonte de algumas informações: Peter Kreeft – filósofo americano, católico, muito respeitado, professor da Boston College).

(4ª Parte)
Existe ainda um ponto a diferenciar o cristianismo das tradições orientais: estas são panteístas – acreditam que deus está em tudo (deus é tudo). Assim, não existe contradição entre bem e mal, já que deus é o bem e também é o mal. No cristianismo: Deus está separado das coisas, de forma que o mal foi introduzido por outras criaturas e não por Deus. A idéia também de céu e inferno pertence ao cristianismo (podemos encontrar inúmeras passagens nos Evangelhos), e não se encontra nas filosofias orientais.

O celibato não é invenção dos homens. No Evangelho segundo Mateus 19,12, Jesus disse: “Há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. E há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!”

Todas essas informações foram pesquisadas nas escrituras sagradas e em livros de autores aceitos pela Santa Sé e que regem o cristianismo da Igreja Católica. E não poderia ser diferente. Se eu sou Católico, aonde procurarei minha fonte de informação para enriquecer meus conhecimentos cristãos? Nos escritos achados em qualquer canto? Com escritores não cristãos? Em publicações fantásticas e super-interessantes encontradas na banca de revistas mais próxima? Com escritores que se dizem cristãos, mas que não seguem a orientação da Santa Igreja?

Deixemos de ser cegos para enxergar a verdade onde ela realmente está; deixemos de procurar falsas verdades para justificar nossos atos humanos e imperfeitos, contrários aos ensinamentos do Senhor; deixemos de procurar qualquer verdade fora do caminho Santo, somente para facilitar a vida, justificando uma vida sem virtudes, cheia de valores materiais e pobres em valores morais.

Devemos abrir os olhos de nossa inteligência e principalmente de nosso coração para deixar a verdade divina penetrar em nosso ser e permitir que a fé verdadeira desenvolva as maravilhas do Senhor dentro de nossas vidas.

O livre-arbítrio é dado a todos. Temos a inteligência como um presente de Deus e um dom do Espírito Santo. Podemos usá-la para o bem ou para qualquer outro fim. A decisão é sua. Se eu quiser ser fiel ao Deus Pai, sei o caminho que tenho que seguir: a Santa Igreja. Posso me rebelar contra ela e seguir o caminho que bem entender, afinal sou livre para tal. Mas minha fé crê verdadeiramente em Deus Pai, Todo Poderoso, que é o criador do céu e da terra; também em Jesus Cristo, seu único filho e Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e está sentado a direita de Deus Pai Todo Poderoso, donde há de vir há julgar os vivos e os mortos. A minha fé também me ensina a crer na Santa Igreja Católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e também na vida eterna! Amém.

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